James Cameron ganha mais uma aposta... Um projecto que remonta aos tempos de Titanic resulta num filme que à partida tem tudo para se tornar saturante e cliché :
- história sobejamente conhecida do mundo do cinema, com a arrogância dos humanos perante a descoberta de novas raças e novos mundos;
- uma duração de quase 3 horas;
- uma mistura arriscada de imagem real com CGI, em 3d.
No entanto, mal temos contacto com Pandora, começa o encantamento: todo um novo mundo, com a toda sua vida animal e vegetal, com a beleza potenciada pelo efeito 3d do filme...É de realçar e relembrar a beleza de Pandora, quando temos contacto com as cenas nocturnas do planeta, em que a grandiosidade de um novo mundo, ganha novas cores, luzes e formas.
Além disso, a motion capture deste filme é algo absolutamente extraordinário. Facilmente esquecemos por momentos que os avatares dos humanos bem como os habitantes de Pandora são animações CGI,pela espectaculosidade da expressividade de emoções humanas nas suas caras, algo que se revê muito especialmente no avatar de Signouwey Weaver (absolutamente fantástico a expressão de comoção na face do seu avatar num dos momentos mais intensos do filme).
Além disso, aquilo que facilmente seria o ponto fraco do filme ganha também ao mesmo tempo alguns pontos a seu favor: refiro-me ao seu argumento. À partida uma história cliché e já muito adaptada ( relembre-se Pocahontas ou Danças com Lobos) ganha durante a projecção do filme alguns pontos graças à sua transparência e honestidade, com a capacidade de nos colocar a torcer contra a nossa própria raça.
Evidencio ainda nesta review como ponto neutro a banda sonora do filme. Não o analiso como ponto positivo devido a alguma falta de originalidade na criação do mesmo (James Horner dá-nos uma banda sonora que facilmente pode ser confundida como uma colagem de diversas faixas de outros épicos) no entanto, tem de ser ressalvada a força que esta banda sonora, bem aliada a algumas fases do filme, nos transmitem momentos de climax, nos quais nos deliciamos com a paisagem de Pandora e desejamos voar, tal como Jakesully.
No entanto, existem alguns pontos negativos a realçar: os fáceis clichés cinematográficos do herói que renasce das cinzas, ou o twist bélico quando a batalha parece vencida. É nestes momentos que facilmente se desvenda a fragilidade do argumento de Avatar, que pouco ou nada nos traz de inovador.
Sendo assim, Avatar é um filme que poderá não ser admitido facilmente pelos puristas do cinema como um grande ou excelente filme, que uma vez utilizado os seus pontos fortes (a inovação de efeitos especiais) em futuros filmes se torne algo esquecido, no entanto acredito que é um filme que inova em alguns dos seus pontos, e, desse modo, é facil que James Cameron, a médio-longo prazo, veja o seu projecto ser reconhecido.O valor de Avatar há de ser durante muitos e muitos anos, um assunto controverso sobre o qual possivelmente nunca se formará uma opinião unânime.
Desde modo, e como tive hipótese de ler numa de muitas outras análises que encontrei na net, Avatar é um filme que embora seja um conjunto de muitos ingredientes já conhecidos e utilizados no cinema (história cliché, FX (3d, mistura de CGI com imagens reais), banda sonora bem adaptada mas pouco inovadora), os cozinha de uma forma bastante diferente; é pois um filme que ao contrário dos ultimos grandes filmes do cinema, ganha pela sua forma, ao invés do seu conteúdo.
Argumento: 6/10
Análise Total: 7/10
